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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

OMG News : Revista Veja diz que dinheiro de fiéis é desviado para emissora de Edir Macedo

Uma reportagem da revista Veja mostra que o dinheiro dos fiéis da Igreja Universal é desviado para a emissora de televisão de Edir Macedo. Em três anos, foram transferidos quase R$ 1 bilhão.

A revista Veja relata, ao longo de 12 páginas, como depois de dois anos de investigação o grupo de repressão ao crime organizado do Ministério Público concluiu que Edir Macedo e seu grupo se converteram numa organização criminosa ao usar doações de fiéis para engordar seu próprio patrimônio, com a compra de carros, imóveis e empresas. E mostra como os acusados agiam.

Embora a coleta de doações seja comum em todas as igrejas, de acordo com a revista, para Edir Macedo, a maior expressão da fé são as oferendas de dinheiro.

E também de carros, casas e cheques pré-datados. Desta forma, a igreja arrecadou R$ 8 bilhões, entre 2001 e 2008.

Os promotores conseguiram rastrear o desvio de parte deste dinheiro: desde as doações dos fiéis, até a compra de duas emissoras de TV, um prédio e um jatinho.

Segundo a revista Veja, Edir Macedo também é dono de 90% da Rede Record. A mulher dele, Ester Eunice Rangel Bezerra, é dona dos outros 10%.

A Veja apurou que o casal tem ainda uma coleção de imóveis que inclui dois apartamentos em condomínios de luxo em Miami, nos Estados Unidos. O primeiro, avaliado em US$ 2,1 milhões. O segundo, em US$ 4,7 milhões. Juntos, os dois imóveis valem mais de R$ 12 milhões.

E não é só. Em 2007, Macedo estava construindo uma casa de dois mil metros quadrados , em Campos do Jordão, em São Paulo, no valor de R$ 6 milhões. Ele já era dono de outra casa na mesma cidade comprada por US$ 600 mil, mais de R$ 1,1 milhão.

Segundo a denúncia do Ministério Público, isso é prova de que Edir Macedo engana os fiéis embolsando o dinheiro que deveria ter destinação religiosa, aproveitando-se da imunidade tributária para fazer transações comerciais e enriquecer.

A revista Veja mostra que apesar das afirmações de independência da emissora, a Universal e a Record são inseparáveis. Pessoas ligadas à igreja ocupam a maioria dos cargos de direção da rede de TV.

O presidente da emissora, por exemplo, Alexandre Raposo, mora em uma casa pertencente à Cremo, uma empresa que o Ministério Público denuncia ser apenas fachada para a lavagem de dinheiro e transferência de recursos da igreja para os acusados.

A reportagem mostra que a Universal repassa anualmente à Record valores cada vez maiores. Em 2006, foram R$ 240 milhões. Em 2007, R$ 320 milhões. No ano passado, R$ 400 milhões.

Segundo a Veja, a Universal paga à Record mais de R$ 200 mil por uma hora na faixa da madrugada, que tem 1,4 ponto de ibope. Um valor muito acima do de mercado. Na mesma faixa, a TV Globo cobra R$ 50 mil por hora, com ibope de seis pontos.

A revista conclui que a compra de horários na madrugada para a transmissão de programas religiosos é um modo de tentar justificar do ponto de vista legal a enorme quantidade de recursos que a Record recebe da igreja: dinheiro desviado dos fiéis, e que portanto, não paga imposto.

O texto confirma também o que outros órgãos de imprensa já divulgaram: o levantamento do Coaf, órgão do Ministério da Fazenda que fiscaliza as operações financeiras das empresas, aponta a Record como a segunda entre as principais beneficiárias de transferências bancárias da Universal. A primeira é a própria igreja.

A revista Época também publicou reportagens sobre as denúncias contra o grupo de Edir Macedo. Com o título "Xeque ao bispo", a Época aponta como principal testemunha do Ministério Público na investigação criminal o bispo Marcelo Nascente Pires, que pertenceu à cúpula da Igreja Universal.

Pires foi sócio de alguns dos principais negócios do grupo e, hoje, briga na Justiça contra Edir Macedo pela posse de duas emissoras da TV Record em Santa Catarina.

Os advogados dos acusados dizem que a denúncia não apresenta fatos novos. Edir Macedo começou a ser investigado em 95. A novidade é que agora os promotores conseguiram mapear o caminho do dinheiro das doações dos fiéis, que passa por empresas de fachada, no Brasil e no exterior, até se transformar em patrimônio em nome dos acusados. Eles terão dez dias para apresentar a defesa.

Fonte: G1

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