Os comentaristas da BBC que acompanharam a final da Copa das Confederações conquistada pela seleção brasileira no último domingo, 28 de junho, na África do Sul, ficaram surpresos com o fervor religioso demonstrado pela equipe. Um deles disse que o capitão Lúcio (foto) parecia um pregador evangélico pela emoção com que proferia cada palavra.
A conquista da terceira Copa das Confederações pela seleção brasileira no último domingo, 28 de junho,na África do Sul, foi intensamente comemorada pelos jogadores e comissão técnica. Afinal, o título veio com uma vitória de virada, conquistada com muita determinação por um time que se por um lado não tem o brilhantismo de outras seleções brasileiras, por outro mostra espírito coletivo e grande união.
A vitória do Brasil sobre o esforçado time dos Estados Unidos era esperada e portanto não chegou a surpreender. O que surpreendeu mesmo foi o fervor religioso demonstrado explicitamente por inúmeros jogadores que aos poucos foram revelando o amor a Jesus em mensagens em inglês estampadas em camisetas que vestiam por baixo da famosa camisa canarinho.
Os comentaristas da BBC que acompanharam a final também não estavam preparados para a reza coletiva, com todos ajoelhados, de mãos dadas, num círculo feito em pleno gramado que incluiu até a comissão técnica.
Um deles disse que o capitão Lúcio parecia um pregador evangélico pela emoção com que proferia cada palavra.
Num lugar como a Grã-Bretanha, onde o povo está acostumado a conviver respeitosamente com diferentes religiões, surpreende o fato de atletas usarem a combinação entre um veículo de grande penetração como a televisão e a enorme capacidade de marketing da seleção brasileira, para divulgar mensagens ligadas a crenças, seitas ou religiões.
Se arriscam a serem confundidos com emissários de pregadores dispostos a aumentar o número de ovelhas de seus rebanhos às custas do escrete canarinho, como emissários evangélicos em missão. Para os críticos deste tipo de atitude, isso soa oportunismo inadequado e surpreende ver que a Fifa não se opõe a que jogadores se descubram do "manto sagrado" que os consagrou para exibir suas preferências religiosas.
Será que a tolerância da entidade teria sido a mesma se ao final do jogo algum jogador mostrasse uma camiseta dizendo "Eu não acredito em Deus" ? Ou se outro fosse um pouco além e gravasse no peito algo como "Essa vitória foi obtida graças ao esforço dos jogadores sem nenhuma interferência divina ou sobrenatural"?
É comum ver atletas fazendo sinal da cruz ao entrar em campo, beijando anéis, medalhas de santos, cruzes e patuás que trazem pendurados em cordões e apontando aos céus como a agradecer pelo gol marcado. Ninguém tem nada a ver com manifestações individuais.
Mas uma manifestação coletiva, explícita e organizada como um ritual religioso pode dar margem a críticas ao ser associada a um bem público, a uma instituição tão democrática como a seleção brasileira.
A religiosidade de cada um seja ela qual for merece respeito, da mesma forma como merece ser respeitada a falta de religiosidade daqueles que assim optaram a seguir a vida.Se a moda pega, a Fifa corre o risco de ter a Copa do Mundo do ano que vem cheia de manifestações religiosas, com missas, cultos e pregações diversas após cada partida.
O povo merece continuar torcendo pelo futebol de sua seleção, independente da reza, sessão espírita, ponto, ritual de sacrifício, sermão ou pregação.Afinal, futebol é bola na rede, o resto é conversa.
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Fonte: BBC Brasil
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