
Seguidor da igreja Geração Jesus Cristo, ele postou em março deste ano, no YouTube (página de vídeos gratuitos na internet), um vídeo em que faz afirmações como “centro espírita é lugar de invocação do diabo”; “todo pai de santo é homossexual”; “a Bíblia diz que (...) a adoração por imagens e esculturas é abominação, então eu repudio aquelas imagens também”.
Afonso foi preso em 2 de junho do ano passado, com outros três seguidores da mesma igreja, após invadir e depredar o Centro Espírita Cruz Oxalá, no Catete. Na ocasião, cerca de 50 imagens de santos foram quebradas.
Os quatro foram levados por policiais do 2º BPM (Botafogo) à 9ª DP (Catete) e autuados por impedimento a culto. Como o crime tem menor potencial ofensivo, o caso foi para o Juizado Especial Criminal, que os condenou ao pagamento de cestas básicas.
Por determinação do delegado Henrique Pessoa, do Departamento de Polícia da Capital (DPC), o inquérito vai ser aberto na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).
— Desta vez, será aberto um inquérito pelo crime de intolerância religiosa, previsto na Lei Caó. A pena varia de dois a cinco anos de detenção. Vamos tentar pedir a prisão desse rapaz. No vídeo, ele demonstra que não tem qualquer respeito à lei e às autoridades constituídas. Pessoas assim são de extrema periculosidade — afirmou Pessoa.
O delegado foi comunicado da existência do vídeo pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.
— Esse tipo de atitude é um risco à democracia, que garante a liberdade de religião — disse Ivanir dos Santos, membro da comissão.
Por meio do pastor da sua igreja, Afonso disse que tudo o que ele tinha a dizer sobre o caso está no vídeo.
Pastor defende fiel que atacou centro espírita
O pastor Tupirani da Hora Lores, de 43 anos, líder da Igreja Geração de Jesus Cristo, no Morro do Pinto, aprovou a idéia de Afonso Henrique Alves Lobato, um dos seus seguidores, que postou na internet um vídeo ofensivo contra as religiões afros, os pais-de-santo e a polícia. Nesta quarta-feira, em sua igreja, o pastor disse que não reconhece a lei dos homens e que a única lei que obedece é a Bíblia. Mas, o líder religioso se contradiz quando defende o direito à liberdade de expressão prevista na nossa Constituição.
— Apoio a decisão dele (Afonso Henrique). A liberdade de expressão é um direito de todos. Não sou a favor das leis feitas no Congresso. Lei é a Bíblia. Ela eu defendo com unhas e dentes — enfatizou o pastor.
Tupirani sabia desde março, quando o vídeo foi colocado na internet, que Afonso Henrique iria fazer um ataque às polícias e às religiões afros. Na ocasião, o pastor apenas alertou Afonso Henrique das consequências que poderiam surgir com a divulgação do vídeo:
— Eu perguntei ao Afonso Henrique: É isso que você vai colocar na internet? Está preparado para assumir as consequências?
Apesar de se dizer contra aos ataques a outras religiões, o pastor Tupirani alegou que não tem como impedir as atitudes dos fiéis que frequentam a Igreja Geração de Jesus Cristo.
— Os membros da minha igreja não têm que seguir o que eu penso. Todos eles são responsáveis por seus atos — defendeu-se.
O pastor acha pouco provável que a Justiça conseguirá provar que Afonso Henrique, em seu vídeo, cometeu crime de intolerância religiosa:
— Se ele for chamado para depor por causa desse vídeo, a polícia terá que ouvir também outras milhares de pessoas que colocam outros tipos de vídeos na internet. Estamos preparados para dar apoio jurídico a ele.
Fonte: Extra online
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